Não reparamos, mas passamos o dia todo a falar
connosco. É como se tivéssemos sempre na presença de uma voz que nos vai
narrando o dia, que se arrepende do que fez ontem e se preocupa com o dia de amanhã. Esta fala connosco e nós respondemos-lhe usando a mesma
linguagem silenciosa.
Cada um de nós tem um destes "amigos" internos. Basta olhar para as pessoas que connosco partilham o metro, e logo
nos apercebemos que elas estão perdidas no mundo dos pensamentos, das
emoções, das preocupações, dos desejos. Cada um a olhar por si, sem reparar no mundo
que se lhes é apresentado.
Os pensamentos que vamos tendo ao longo do dia
têm uma razão de ser. Eles dizem-nos o que queremos e o que devemos fazer. Eles preparam-nos para o que está para vir.
Mas também assumem uma importância desproporcionada, e alguns destes
pensamentos deixam-nos infelizes e agarrados a preocupações que, vistas de
outra perspetiva, não têm qualquer sentido. Além disso, é incrível a quantidade de
pensamentos e ideias que temos por dia, tal como percebei há pouco tempo.
Porque, ainda que custe acreditar, os
pensamentos não são reais. Não é porque me preocupar que amanhã não vou
conseguir pagar as contas, que tal vá acontecer. Não sendo reais, gastar
energia preocupando-nos com certos pensamentos, é um
desperdício. Mas é mais fácil escrever do que fazer.
Triste é perceber que uma vez passado tanto tempo no mundo interno dos
pensamentos, deixamos passar coisas incríveis que acontecem à nossa volta. Não
vemos a beleza que há no mundo, não vemos e ouvimos as pessoas, mais ou menos
desconhecidas, e não percebemos o que estamos a perder.
Devemos começar a tratar os pensamentos, e a
voz que connosco fala, de outra forma – dando-lhes mais ou menos importância,
conforme seja necessário. Qual é o truque para adquirir tal força mental? A
meditação.
Quando temos um pensamento, a primeira reação
é começar a "falar" com ele. Facilmente passamos de um pensamento levemente
negativo para qualquer coisa como "vou ficar pobre". Isso acontece porque nos
deixamos levar pela corrente de pensamentos e porque reagimos instintivamente e inconscientemente a
esses pensamentos. Porque queremos logo justificar e tratar do assunto e falar
sobre esse "amigo" interno. Porque acreditamos que esses pensamentos são reais.
Mas, se de outra forma, analisamos o pensamento não como protagonistas, mas na perspectiva de uma terceira pessoa, conseguimos criar uma barreira entre o pensamento e a ação. Com isso, conseguimos avaliar
aquilo que estamos a sentir e refletimos e agimos sem stress (ou com menos stress).
A meditação ensina-nos a lidar com todo o tipo
de pensamentos e emoções consequentes. Ensina-nos não a eliminar os pensamentos
negativos, mas "conversar" melhor com eles, para que estes não nos levem a
baixo. Até uma prática de 5 ou 10 minutos de meditação por dia pode trazer-nos resultados incríveis, diminuindo drasticamente a ansiedade e ajudando-nos a estar mais presentes.
Como explico num post anterior,
a meditação ajuda-nos a focar naquilo que de verdade importa e é um hábito
muito fácil de começar. Nesse post mostro como fazê-lo.
Decidi fazer da meditação o 3º hábito da minha série de 6 meses e 6 hábitos. No mês de Abril, o meu objetivo é meditar
todos os dias, de manhã, durante 5 minutos. Já tentei meditar noutras alturas
mas sem sucesso. Mas agora, com a "bagagem" que ganhei com os últimos 2 hábitos, estou confiante que desta vez consiga ganhar o hábito.
Num próximo post irei explicar melhor como
comecei a meditar e porque acho que ele me irá ajudar neste processo
todo dos 6 meses e 6 hábitos. Até lá, Carpe Diem.
PS: Nesta "onda" da meditação, estou a ler o livro 10% Happier. Este livro conta a história de Dan Harris, um jornalista americano, que teve um ataque de pânico em direto na TV. Dan conta-nos como lidou com a situação nos anos seguintes, e como a meditação e mindfulness o ajudou a superar os seus problemas de ansiedade e a apreciar as pequenas coisas do dia-a-dia. Mesmo sendo o Dan, no início, extremamente cético em relação a este tipo de coisas. Aconselho vivamente a leitura deste livro.
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